A ética é um dos temas mais relevantes da atualidade. A explicação para este fato está certamente relacionada às crises e às novas transformações da sociedade contemporânea. Vivemos uma época de importantíssimas descobertas científicas e tecnológicas, mas também de crises sociais, políticas, econômicas, institucionais, de conflitos étnicos, enfim, de um niilismo generalizante presente na descrença dos valores antes exaltados.
Presenciamos cotidianamente atitudes que banalizam quase tudo, inclusive a vida. Basta-nos ver os desrespeitos, a violência e a manifestação do individualismo exacerbado, que nos causam indignação e nos impõem uma exigência e um apelo pela ética, considerada, ainda a despeito desses acontecimentos, um valor em si, quiça o maior deles.
Há uma exigência ampla por um comportamento mais ético em todos os setores da sociedade. Por isso, discute-se ética na política, na educação, nos negócios e na economia, bioética, comitês de ética da pesquisa científica, ética médica, ética na advocacia e nas ações judiciárias, a ética nas práticas psicológicas e na psicanálise, a ética das empresas e das organizações, efetivação dos códigos de ética profissionais, ética da administração pública, ética da mídia e das comunicações, nas relações interpessoais e amorosas etc.
Tais iniciativas e exigências representam a carência da práxis efetiva do ethos constitutivo do discernimento, da razoabilidade e da responsabilidade, numa época onde reina o niilismo, nascedouro de um utilitarismo e um pragmatismo sem critérios e limites para o discernimento de nossas ações formadoras da cultura.
Em nossa época paradoxal, como afirma Jacqueline RUSS (Pensamento ético contemporâneo. 2ª ed., São Paulo: Paulus, 1999, p. 7), contexto no qual ocorre por um lado, o “vazio ético” e, por outro, o clamor da exigência ética, algo tão frágil neste início de século, onde a relativização e a banalização de todos os aspectos da existência humana tornaram-se lugar comum, penso que, embora irredutíveis ainda nos indignamos com esta situação.
A reflexão filosófica é fundamental para discernir e propor soluções aos problemas cruciais relativos a justificação ético-moral, tais como o problema do fundamento, ou seja, como dar razões para as nossas justificativas morais? Como explicar as nossas preferências e a nossa vontade?
Em fim, em que consiste a liberdade, a pessoa, o dever, o respeito, a finalidade das nossas ações, a responsabilidade, assim como, a definição de uma das questões centrais da investigação ética contemporânea: as relações entre universalismos e particularismos. Em outros termos, é possível hoje admitimos valores universais em ética ou todos os valores morais são relativos?
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