Welington Cleber dos Reis
Quando se fala de educação no Brasil, fala-se por extensão de sociedade, pois aquela está diretamente vinculada a esta.
A sociedade Brasileira, assim como outras sociedades no mundo, é dividida em classes sociais. As pessoas são classificadas segundo seu poder aquisitivo, sua educação, sua cultura etc.
Nessa perspectiva, a sociedade brasileira é inexorável, pois há uma larga diferença entre a classe social mais baixa – na qual muitos chegam a passar fome – e a classe social mais alta -em que muitos têm dinheiro demais. O dinheiro do país encontra-se nas mãos da pequena porcentagem mais rica da população.
A divisão da sociedade em classes faz com que haja também uma divisão em várias instituições dentro dessa sociedade. Na educação, na saúde e em muitos outros segmentos existem o sistema público – comandado pelo Estado – e o sistema privado – que não é comandado pelo estado, mas pode ser financiado por ele.
Têm acesso aos serviços prestados pelo sistema privado aquelas pessoas de maior poder aquisitivo, isto é, os poucos mais ricos do país. A maior parte da nação, como é de classe social baixa, fica a mercê do sistema público de saúde, de educação e de outras tantas instituições que não recebem o mínimo do governo para que se possa prestar um serviço adequado.
A educação brasileira, seja a pública ou a privada, é regida pela LDBEN 9394/96. O artigo 2º da Lei de Diretrizes e Bases diz: “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nas idéias de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Entretanto, a maioria das famílias deixa o dever da educação recair sobre a escola, sobre o Estado, esquecendo-se da responsabilidade que lhe compete. A família, a meu ver, deveria ser a principal responsável pela educação do aluno.
Um outro aspecto chamou-me muito a atenção. A parte final do artigo citado vai de encontro ao que realmente acontece. A chamada “Progressão” continuada, forma, no Brasil, milhares e milhares de analfabetos todos os anos.
Como um recém-formado que não sabe nada está preparado para o trabalho? Muitos concluem o ensino “médio” e não conseguem conjugar um verbo, resolver uma equação. E não para por aí. Grande parte das pessoas termina o ensino “médio” sem perspectiva alguma, pois sabe que não tem uma base sólida na qual se apoiar.
A formação voltada para o trabalho, ou o que a Lei de Diretrizes e Bases diz que as escolas devem oferecer, é muito fraca. Em vários momentos da educação básica, os professores acabam tendo que repetir a matéria porque o aluno que está na 7ª, na 8ª ou no 1º não aprendeu nos anos antecedentes por causa da “progressão” continuada.
A progressão que figura na esfera pública não é mantida na maioria das instituições de ensino privadas. Além desses pontos, há outros da Lei de Diretrizes e Bases que não são levados em consideração por grande parte das instituições de ensino.
O artigo 58, parágrafo primeiro, diz: “Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.”
No papel, tudo é bonito, romântico, mas a realidade é outra. Existem escolas que não estão capacitadas para receberem os alunos especiais. Embora haja uma conscientização nesse sentido, tudo que se está fazendo ainda é pouco.
A educação brasileira precisa, a meu ver, de uma reforma, de uma melhoria geral no sistema, de uma política de valorização dos professores e de sua relação com o alunato.
Enfim, se não dá para fazer tudo, é preciso que se faça o necessário.
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