Maria
Aparecida Barros
Referências Bibliográficas
RESUMO: A abordagem sobre o ensino e a educação
contextualizada é uma questão complexa e
importante para a sociedade. A influência exercida pelos educadores e
familiares em relação à população estudantil tornam a tematização não somente
um reflexo da realidade, mas também um modo de contribuir para o incentivo e
crescimento contínuo da mesma. Os efeitos dos meios utilizados no ensino nem
sempre propõe um resultado positivo em relação aos estudantes, mais
precisamente aos adolescentes, que devem ser cuidadosamente dispensados atenção
priorizada, tendo em vista os mesmos estarem caminhando à maturidade e este
tipo de público está mais sujeito a influência provenientes de todos os meios
de comunicações, inclusive por terem certas dificuldades em separar realidade e
ficção. Apesar de estarmos no mundo globalizado, com muitas informações em
todas as áreas, nem todos os estudantes têm acesso às novas tecnologias, por
isso é necessário que tenhamos um conhecimento mais profundo e contextualizado
do ensino, visando mais informações e aprendizado eficaz a todos, sem distinção
quanto ao poder aquisitivo do público estudantil.
Palavras-chave: Educador;
Estudante; Ensino; Incentivo; Conhecimento; Informação.
INTRODUÇÃO
A sociedade é um conjunto de pessoas que compartilham
propósitos, preocupações e costumes, e que interagem entre si constituindo uma
comunidade que ao longo dos anos, vão se adaptando umas às outras, adquirindo
uma boa convivência em grupo e entre as relações pessoais e que preocupam, de
forma geral, os seres humanos, pois estão constantemente presentes no cotidiano
das pessoas.
Durante os anos, o adolescente vai crescendo
culturalmente, vai aprendendo, no decorrer de sua vida, os modos de agir, de
conviver com pessoas, de analisar os amigos e principalmente os pais e
familiares. Segundo Samuel Pfromm Netto (1971):
A psicologia do desenvolvimento é uma
das várias divisões da psicologia em que a ciência pura e a ciência aplicada se
encontram e se relacionam de modo íntimo. O estudo do desenvolvimento humano e
dos fatores que o determinam interessa não apenas aos cientistas, que se
empenham em descobrir leis e princípios, como também aos pais, professores,
médicos, assistentes sociais, sacerdotes, etc., com a responsabilidade de guiar
o desenvolvimento das crianças e jovens pelas vias mais adequadas.
Para
que os jovens, que estão cursando o ensino médio, produzam algo interessante, é
necessário motivá-los, no caso da língua portuguesa, é necessário contar fatos
interessantes, do dia-a-dia, tecer comentários sobre o que se passou no dia
anterior, fazendo-os integrar-se ao mundo escolar e ao mundo que fica do lado
de fora da escola, para que possam saber, num futuro próximo, dirigir suas
vidas de maneira adequada e interessante.
A proposta deste artigo é tentar chamar atenção para o
problema que acontece nas escolas, referente aos alunos que não se sentem
motivados em algumas disciplinas, devido ao conteúdo ou método utilizado pelo
professor, que está sempre repetindo os
mesmos ensinamentos, como no caso da disciplina de História do Brasil, que tem
vários conteúdos explicados na
literatura brasileira e os alunos não conseguem se adaptar a esse contexto de
informações interdisciplinares, porque não foram orientados a esse tipo de
comportamento no ensino fundamental.
Edgar
Morin (2002) defende o conhecimento contextualizado, que fica mais próximo da
realidade dos alunos, fazendo-os se adaptarem ao ensinamento de todas as
disciplinas, e no caso da língua portuguesa, se houver integração com a
história e a filosofia, a gramática que foi transmitida durante o ensino
fundamental será melhor absorvida pelos alunos e com isso podemos formar
pessoas críticas, conhecedoras do passado, que faz parte da nossa história.
A
INFLUÊNCIA DO CONHECIMENTO
Existe uma forte conexão entre o conhecimento e o ensino.
O conhecer é o modo de adquirir informações sobre tudo o que quiser e puder
compreender e ensino é transferir esse conhecimento de forma que o receptor
consiga captar com clareza as informações transmitidas. O conhecimento fornece
diversas formas de aprendizado e saber, entretanto a influência no público
receptor das mensagens, junto às características do contexto social em que os
processos se realizam, proporciona o exercício de um efeito diferenciado nas
instituições de ensino. O ensino está sempre sujeito a variações, ora de forma
antiquada, ora de forma moderna.
Tem-se
percebido que alguns estabelecimentos de ensino dão mais importância a forma
contextualizada de algumas disciplinas, com educadores mais conscientizados aos
tipos de métodos que possam ser utilizados para um melhor aproveitamento do
aprendizado dos alunos.
Segundo
Edgar Morin (2002) o conhecimento está enfocado em todos os níveis de educação
“dizem respeito aos sete buracos negros da educação, completamente ignorados,
subestimados ou fragmentados nos programas educativos”.
OS
MÉTODOS UTILIZADOS NAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES
Por
que as normas escolares fragmentam o ensino dando pouca atenção a formação do
jovem? Por que alguns setores do ensino não utilizam normas mais adequadas a
realidade dos tempos atuais? Por que temos educadores usando os métodos de
ensinar a gramática como nas décadas passadas?
São questionamentos que surgem entre alguns educadores,
principalmente na disciplina da língua portuguesa, preocupados com a forma de
aprendizado dos alunos e como captam o conteúdo programático adotado pela
escola. Ao examinar o texto de Edgar Morin (2002), constatamos que sua
preocupação é em relação aos educadores e, conseqüentemente, os coordenadores
escolares, que continuam cometendo os erros passados, sem se importarem com o
conhecimento propriamente dito, com a contemporaneidade, ou seja, com os tempos
atuais e adequados aos jovens, que não são mais aqueles da década de 70, 80 em
que o aluno era obrigado a decorar, entre outras disciplinas, a tabuada
ensinada na matemática, e os conceitos estabelecidos na gramática, mas sem
saber como usá-los.
Falta
dar importância ao conhecimento adquirido pelo ser humano, durante a sua
formação, o seu dia-a-dia. Ao iniciar o ensino médio, o aluno não consegue se
expressar de forma correta, escrever textos com coerência, usar a gramática,
aprendida no ensino fundamental, nas elaborações de redações, entender o conteúdo
de um texto, fazer uma boa leitura e gostar de ler.
A
CONTEXTUALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
Ao
longo dos anos, começamos a perceber movimentos, que vão se aprimorando até
chegarmos à fala, depois à escrita e assim chegarmos à escola propriamente
dita. Esse conhecimento é o saber de modo crescente, em que o ser humano
apreende significados e significantes, conseguindo assim, dar formas aos modos
de falar, de agir, de interagir com outros, escrever e ler textos.
Esse
ser humano, já com esses conhecimentos da língua e da escrita, passa pelo
ensino fundamental, onde são ensinados regras necessárias às construções de
seus textos, formais ou informais, aos modos de falar, de conceituar termos
gramaticais ou matemáticos, entretanto, a preocupação maior, enquanto aluno
integrado ao meio, objetivando o seu futuro, uma faculdade, um emprego, uma
formação técnica, é não encontrar formas de integrar as informações que lhes
são apresentadas durante o ensino fundamental ao ensino médio. A falta da
contextualização ou a integração entre as disciplinas, dificulta a preparação
dos alunos para o futuro almejado.
FORMAR
ALUNOS CRÍTICOS
No
ensino médio, referindo-me a Língua Portuguesa, encontramos alunos com
conhecimentos básicos em gramática, em literatura, mas ainda devem ser moldados
para serem formados cidadãos e, além disso, o educador deve ensiná-lo a ser
crítico, a ler um texto e saber formar o seu próprio julgamento daquilo que
está lendo. Há alunos que têm muito a dizer, contudo se perdem nos conceitos,
tais como, orações subordinadas, orações coordenadas, concordância verbal,
nominal e verbo-nominal, e indagam como usar essas construções corretamente,
inclusive em outras disciplinas, tais como geografia, história, filosofia.
Segundo
Edgar Morin (2002), em seu texto intitulado O conhecimento pertinente,
estabelece alguns critérios, no qual afirma que:
O
segundo buraco negro é o que não ensinamos as condições de um conhecimento
pertinente, isto é, de um conhecimento que não mutila o seu objeto. Nós
seguimos, em primeiro lugar, um mundo formado pelo ensino disciplinar. É
evidente que as disciplinas de toda ordem ajudaram o avanço do conhecimento e
são insubstituíveis. O que existe entre as disciplinas é invisível e as
conexões entre elas também são invisíveis. Mas isto não significa que seja
necessário conhecer somente uma parte da realidade. É preciso ter uma visão
capaz de situar o conjunto. É necessário dizer que não é a quantidade de
informações, nem a sofisticação em Matemática que podem dar sozinhas um
conhecimento pertinente, mas sim a capacidade de colocar o conhecimento no
contexto.
Se
o conhecimento, ao menos no Ensino Médio, não houver essa contextualização,
estaremos formando seres incapazes de pensar e criticar, sem a intervenção de
outras pessoas. Segundo Pascal ( apud Edgar Morin, 2002), já dizia no século
XVII: “não se pode conhecer as partes sem conhecer o todo, nem conhecer o todo
sem conhecer as partes”. O tema provoca grandes expectativas em relação aos
educadores, aos coordenadores de ensino e esse assunto deve ser estudado e
discutido globalmente, como uma cultura de paz, educação e informação.
REFLEXÃO
SOBRE O ENSINO E A REALIDADE
A dificuldade no estudante é delimitar o real e a
fantasia que proporciona uma confusão em seu imaginário, onde realidade e o que
é visto nos meios de comunicação, mais precisamente na internet, ocupam um
mesmo espaço, o que não deixa de ser um conhecimento, mas deve ser separado do
que é realidade e o que é fantasia.
Há muitos “sites” que demonstram um modo de gerar no
aluno um conhecimento real, mas há outros que criam uma expectativa de algo
inexistente, ou seja, cria condições adversas daquelas que poderiam informar e
proporcionar algo importante.
Estamos acostumados a ouvir e ver pelos meios de
comunicação, que há “gangs” instigando os jovens a serem adeptos do Nazismo, ao
racismo, etc. É próprio do adolescente imitar o que vê e a realidade que o
cerca, portanto, nós educadores devemos cuidar para que essa realidade não
coloque os jovens nesse contexto, sem que ele tenha tido a oportunidade de
saber criticar e valorizar o seu conhecimento. Segundo Antônio Joaquim Severino
1985: pág.148, A tarefa do educador é fazer pensar, propiciar a reflexão
crítica e coletiva em sala de aula. Ocorre que “O raciocínio (...) não se
desencadeia quando não se estabelece devidamente um problema”.
Em
algumas disciplinas não encontramos, por parte do educador, o fazer pensar nos
alunos e consequentemente, sem estabelecer um problema, não haverá reflexão
crítica em sala de aula.
Como
dizia Paulo Freire (1986, pág.54), “Na verdade, nenhum pensador, como nenhum
cientista, elaborou seu pensamento ou sistematizou seu saber científico sem ter
sido problematizado ou desafiado”. Portanto, devemos refletir sobre esse
assunto e nos adequar aos acontecimentos atuais em relação ao ensino e também
as atitudes de alunos que demonstram frieza e desprezo ao aprendizado e, que
talvez, provenha dessa falta de desafios.
CONCLUSÃO
O
que se pode notar diante da colocação de alguns elementos é que o conteúdo
transmitido aos alunos durante o ensino fundamental está correto, mas é
necessário uma adequação da mensagem transmitida e o seu entendimento, enquanto
faz uso da leitura e da escrita.
Os
alunos necessitam de um aprendizado que lhes mostre a realidade em que vivem,
fazendo-os pensar e refletir sobre assuntos de interesse geral, mas é preciso
que os educadores, coordenadores e familiares desses alunos se integrem de
forma que proporcione um certo “conforto” para que ele seja atentamente
observado, a fim de que produza um efeito positivo sobre a conduta do
adolescente em relação ao aprendizado.
Para
que os jovens estudantes não sejam prejudicados por conceitos ultrapassados
sobre o uso adequado do seu conhecimento e, conseqüentemente, a gramática
aplicada no ensino fundamental, que será
usada dentro de contextos durante o ensino médio e em seu futuro, é preciso não
apenas a instituição de uma classificação indicativa de novas formas ou métodos
de ensinar, mas também uma profunda participação de professores. É necessário
também que esses docentes gostem do que fazem, que sejam profissionais e que procurem estar atentos
aos ensinamentos novos, dos conteúdos que estão sendo transmitidos e as
possíveis conseqüências sociais positivas que poderão advir desses
ensinamentos. Para isso é necessário investir em cursos de sua área de atuação,
se modernizar, enfim, ser também atuante, pois a educação contextualizada é
fundamental para o ensino.
Referências Bibliográficas
FREIRE,
Paulo. Extensão ou Comunicação, 4ª ed. RJ: Paz e Terra, 1986.
HOUAISS,
Antônio, VILLAR, Mauro de S., FRANCO, Francisco M. M. Minidicionário Houaiss da
língua portuguesa .2ª ed.. Rio de Janeiro:Objetiva, 2005.
LIBÂNEO,
José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1991.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do
futuro. SP: Cortez,2002.
PFROMM NETTO,
Samuel. Psicologia da
adolescência, 2ª ed. São Paulo: Livraria Pioneira editora, 1971.
SEVERINO,
Antonio J. Metodologia do Trabalho Científico, 12ª ed. SP: Cortez,1985.
VASCONCELLOS,
Celso S. Construção do conhecimento em sala de aula, 3ª ed. São Paulo: Libert,
1995.
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