Um dos motivos que leva o jovem universitário a cometer plágio em seus trabalhos acadêmicos tem a ver com a dificuldade em produzir os próprios textos. Citando outros autores, Oliveira (2007) explica que isto é decorrência da formação obtida na escola básica, na qual a pesquisa ficou caracterizada como transcrição literal de outros textos, somada a preocupação dos professores responsáveis pelo processo educacional em verificar apenas aspectos relacionados à forma, como caligrafia, margens e adequação na apresentação (GARCEZ, 1998; SALOMON, 2001).
Para Oliveira (2007, p. 44) fica claro
portanto, [que] habituados à atividade de transcrição, os universitários não desenvolveram a consciência de autoria. Foram vítimas, de acordo com Pécora (2002) e Geraldi (2003), de um discurso docente que orientou o que se deve dizer, como também que a transcrição acrítica de textos é válida, garantindo uma padronização da aprendizagem pela internalização de modelos de estrutura fixa, condicionando o educando a não ser autor dos próprios textos, mas a reproduzir o já dito. Nossos universitários reproduzem textos (PÉCORA, 2002, p. 15). (OLIVEIRA, 2007, p. 44)
Na elaboração de um trabalho científico é recomendado que os textos e ideias consultadas nas fontes originais sejam apresentados com as próprias palavras do redator, mantendo assim a uniformidade do estilo de escrita. Cópias literais, ou seja transcrição de texto, devem ser reservadas para conceitos, idéias essenciais e explicações teóricas ou técnicas as quais ficam mais claras para o leitor da forma escrita originalmente. Mas isto deve ser a exceção em um trabalho acadêmico.
Os trechos copiados devem ser apresentados entre aspas (quando a cópia não ultrapassa três linhas no trabalho do redator) ou colocados em destaque, com um recuo de 4 cm da margem esquerda, letra menor (tamanho 10) e espaçamento simples entrelinhas. Estes recursos criam um “bloco de texto” que o leitor imediatamente reconhece como cópia. Entretanto, estas citações diretas, sobretudo as longas (com mais de quatro linhas) acabam “quebrando” o texto durante a leitura e este é mais um motivo para evitá-las.
É melhor sempre utilizar as citações indiretas, isto é, escrever os textos ou as idéias consultadas com as próprias palavras, sem esquecer que autor e obra devem ser sempre citados e inseridos na lista de referências.
Para a elaboração de citações indiretas é possível utilizar o recurso de paráfrase ou sumarização (resumo). Interessante notar a distinção sobre estes dois recursos que é feito pelo Instituto de Tecnologia de Massashusetts (MIT). O texto da paráfrase tem o tamanho aproximado da fonte original e o resumo é um texto mais curto. (MASSACHUSETTS INSTITUTE OF TECHNOLOGY, 2007). Em ambos os casos, a técnica de elaboração é a mesma.
Oliveira (2007, p. 52) concebe a sumarização como “uma prática de compreensão de textos [...] que implica em selecionar [...] o que é relevante no/para o seu entendimento.” Através desta atividade, o redator identifica e extrai de um texto original as idéias essenciais e as reescreve em forma de síntese crítica, utilizando regras de apagamento e substituição, conforme explicitadas por Machado (2005, p. 141 apud OLIVEIRA, 2007, p. 54):
As regras de apagamento se caracterizam pela eliminação de informações desnecessárias à compreensão do texto objeto da sumarização. As de substituição solicitam a construção de proposições novas, ausentes do texto original, mas que englobam informações expressas ou pressupostas do texto. (grifos do autor).
O MIT (2007) dá algumas dicas bem práticas para a elaboração de paráfrases e resumos:
1. Use sinônimos para as palavras do texto original que não são genéricas como globalização, responsabilidade social, meio ambiente, etc.
2. Mude a estrutura da sentença consultada.
3. Se a fonte utiliza a voz ativa, prefira a voz passiva ou vice-versa.
4. Reduza parágrafos, períodos, sentenças em frases.
5. Transmita o discurso original de forma diferente.
Uma paráfrase ou resumo bem feito é resultado da aplicação simultânea de várias destas dicas. Observação importante: textos reescritos que apenas substituem sinônimos configuram-se como plágio, ainda que seja indicado o autor, pois em geral são transcritos literalmente trechos do autor original sem que isto seja destacado.
Exemplo:
TEXTO ORIGINAL
|
CITAÇÃO INDIRETA COM
PLÁGIO
|
CITAÇÃO INDIRETA
CORRETA
|
Como toda atividade
racional e sistemática, a pesquisa exige que as ações desenvolvidas ao longo
de seu processo sejam efetivamente planejadas. De modo geral, concebe-se o
planejamento como a primeira fase da pesquisa, que envolve a formulação do
problema, a especificação de seus objetivos, a construção de hipóteses, a
operacionalização de conceitos etc.
Referência:
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 19. |
Conforme explica Gil (2007), a pesquisa
exige planejamento das ações desenvolvidasdurante seu processo. Planejar é o ponto de partida da pesquisa, que
parte da formulação do problema passa pelaconstrução de hipóteses etc.
Referência:
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa.4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 19.
Por que isto é plágio?
O redator manteve a
mesma estrutura do texto original e reproduziu trechos literais, apenas
substituiu alguns sinônimos.
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De acordo com Gil
(2007) o processo de pesquisa deve ser iniciado com o planejamento e o
primeiro passo a ser dado é a formulação do problema.
Referência:
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 19.
Por que isto não é plágio?
O redator conservou
palavras essenciais do texto original (pesquisa, planejamento) e usou
sinônimos para outras, mas mudou a estrutura da sentença, utilizou a voz
passiva e reduziu o texto para um período.
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Elaboração de citações, indicação de autor e documento consultado
A forma de se fazer citações varia de acordo com as convenções de cada país ou comunidade científica. No Brasil, em geral é adotada a diretriz para elaboração de citações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT 10520, 2002).
Fonte: extraído do sítio Plágio.net. Disponível em: http://plagio.net.br/
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